Berolines City

domingo, 30 de maio de 2010

Hortaliças de Folha, Talo, e Gema (Olho ou Gomo)







Alcachofras






Com o nome de alcachofras designam-se as cabecinhas floridas verdes e ainda
incompletamente desenvolvidas de uma espécie de cardo (Cynara cardunculus L. ssp. Scolymus), pertencente à família das Compostas, que se cultiva em toda a bacia do Mediterrâneo, mas especialmente na Espanha e na França. Não há dúvida de que os povos do Mediterrâneo já usavam há séculos como alimento esta planta no estado silvestre, devido às suas qualidades nutritivas, às suas brácteas e aos seus receptáculos carnudos. Composição e Propriedades -- Na análise das substâncias que compõem as cabecinhas, encontrou-se inulina, açúcares, tanino e os fermentos inulase, invertase e coalho. Entre as vitaminas encontram-se 100 g de substância fresca: 300 U.I de vitamina A, 120 g de vitamina B1, 30 g de B2 e 10 mg de C. O conteúdo de minerais é muito semelhante ao das outras verduras, embora seja superior o conteúdo de potássio, cálcio, magnésio e, sobretudo, de manganês, que atinge 20 mg%, percentagem esta que não e igualada por nenhuma outra fruta ou legume. O conteúdo em princípios imediatos e em calorias não é muito alto, especialmente em proteínas (3 %), gorduras (0, 1 %), hidrato de carbono (11 %), água (82170); 100 g de alcachofras frescas dão umas 50 calorias. Investigações francesas encontraram em 1934 uma substância ativa especial, denominada cinarina, que conseguiram isolar e cristalizar. Posteriormente,Pannizi eScarpati descobriram a composição química da cinarina que resultou ser o ácido di-cafeilquínico. O significado terapêutico das alcachofras é muito antigo. Na idade Média, já se conhecia a sua influência na formação da bílis. No século XIX realizaram-se numerosas investigações sistemáticas sobre o extratos de alcachofra, que deram os seguintes resultados principais: o extrato completo de alcachofra fresco atua especialmente para regular diversas funções hepáticas, sobretudo a formação de bílis (colerético) e as funções antitóxicas. Além disso, também regula e facilita a saída da bílis (colagogo) e ajuda nas alterações originadas por estases hepáticas, como pressões e dor no ventre, vômitos, enjôos, flatulência, vertigens, alterações intestinais (diarréia, prisão de ventre, atonia) e prurido retal. Também exerce uma ação reguladora sobre os rins, devido a maior eliminação da água e das substâncias de refugo. Outros ensaios também demonstraram que as alcachofras produzem um aumento dos ésteres da colesterina no sangue, ao passo que diminuem as colesterinas livres mobilizando-as dos tecidos e acelerando a sua excreção, e exercendo, como conseqüência desta ação, um efeito protetor contra a arteriosclerose. Emprego -- O emprego das alcachofras na dieta é recomendado nas doenças funcionais ou orgânicas do fígado, vesícula biliar, colédoco e em todas as doenças dos órgãos do aparelho digestivo. Também são de grande utilidade nas alterações do metabolismo originadas por enfraquecimento ou insuficiência das funções renais. Também o alto teor de manganês nas alcachofras apresenta utilizações dietéticas. Como conseqüência, as alcachofras podem ser úteis quando for necessária uma ativação dos fermentos, nas alterações do metabolismo celular e nos sintomas de deficiência da vitamina B. As alcachofras podem utilizar-se em suco fresco, como infusão e ainda preparadas como saladas e legumes.







Alho-Porro





0 alho-porro (Allium porrum) é cultivado largamente em toda a América do Sul. O pequeno
bulbo, de escassa reprodução, dispõe de grande número de raízes fibrosas e brancas, sem ramificações na terra. Folhas grandes, lineares e de nervuras longitudinais rodeiam os bulbos que ficam enterrados no chão. Extraem-se do solo os bulbos com folhas e talos. Colocam-se as plantas em lugar protegido, ao ar livre ou no sótão. Como a planta se tem de manter fresca para o seu consumo imediato, não é recomendável a dessecação. Composição e Propriedades -- A matéria ativa principal é um óleo enxofrado e essencial (óleo de alho) que, entre outros componentes, contém sulfureto de alilo, que exerce suave excitação sobre as glândulas das vias gastrintestinais e no fígado, pâncreas e vesícula biliar, evitando a formação de produtos de fermentação e de putrefação e abrindo o apetite. Encontramo-nos, pois, com: a) Um efeito sobre o aparelho digestivo em geral. b) Um efeito sobre as vias respiratórias. Como o óleo de alho é expelido em parte pelos pulmões, torna-se mais fácil a reparação das vias respiratórias nos catarros bronquiais. c) Um efeito sobre as vias urinarias. Além disto, o alho-porro também exerce um efeito diurético, devido ao conteúdo em óleos essenciais, potássio, ácido salicílico, nitrato sódico e magnésio. d) Uma crescente excitação dos centros deformação de sangue, devido ao seu conteúdo em compostos orgânicos de ferro. Não devemos menosprezar o seu conteúdo em vitaminas C, sobretudo por se dispor dela durante o inverno. Aplicações -- 1. Como planta curativa, o alho-porro conta na medicina com pequena consideração, embora seja ao mesmo tempo um alimento e um remédio. É eficaz contra deficiências de vitamina C, doenças renais, doenças do metabolismo, obesidade, degeneração de vasos do sangue, ajudando nos catarros bronquiais agudos e, sobretudo, nos crônicos, assim como nas doenças do fígado, estômago e intestinos. 2. Como legume e salada. O alho-porro presta-se igualmente para consumo cru ou cozido. Este último é excelente no inverno como depurativo do sangue. Aproveitam-se para isso as folhas. 3. Como condimento. O alho-porro é tradicionalmente conhecido como condimento para sopa. Mas deve ser adicionado sempre quase no fim, para ser pouco cozido. A maior parte das vezes emprega-se nas sopas de batatas e em molhos. Totalmente cru, emprega-se como condimento em saladas de verduras, com batatas e com requeijão. Também é bom para regimes crus e dietas. Os rebentos que aparecem no segundo ano nas raízes das plantas são muito saborosos adicionados a saladas, a legumes e à carne.







Aspargos






Sob o ponto de vista da Botânica, o aspargo (Asparagus officinalis), da família das Liliáceas, é um talo de cerca de um metro de altura e tem tinia raiz lenhosa. Os que se compram não são mais do que os rebentos recentes de um talo de numerosos rebentos, cujo desenvolvimento inicial exige uns três anos. Composição e Propriedades -- Tão antiga como o cultivo do aspargo é a observação dos efeitos diuréticos dos renovos das raízes e daí o seu significado terapêutico. Este conhecimento tem-se mantido em todos os tempos, embora presentemente desempenhe um papel na dieta que não está limitado às doenças renais. Como matérias ativas componentes, os aspargos apresentam a seguinte composição: 100 g de aspargos contêm:
Água..................................95,3 % Proteínas.............................1,6 % Gorduras.............................0,1 % Hidrocarbonetos................1,7 % Calorias............................14,0 Celulose..............................0,63 % Excesso de bases.............1,1 g Vitamina C.......................25,0 mg Vitamina B1...................... O ,025 mg
Modo de Ação e Emprego -- De tudo isto se deduz uma grande insuficiência em calorias e sobretudo em proteínas, assim como em geral um escasso valor em todas as matérias plásticas. Muito cozidos e sem lhes acrescentar molho de manteiga, os aspargos podem servir para o regime dos obesos. Mas se forem preparados com adições de calorias, manteiga, ovos, nata ou farinha, farão parte da alimentação de anêmicos, convalescentes ou pessoas que necessitem de unia superalimentaçao. 0 escasso conteúdo em hidrocarbonatos torna-os apropriados para o regime dos diabéticos, porque enriquecendo os aspargos com manteiga, nata ou ovo ficam um alimento de grande valor para os ditos enfermos. A celulose, impossível de digerir, atua como excitante do intestino e como matéria de recheio. Acelera, por conseguinte, o trabalho do intestino grosso, o que vai beneficiar os obesos e os doentes dos intestinos. A virtude curativa dos aspargos é conhecida já de há muito tempo, especialmente o seu efeito sobre os rins. Através do incremento da atividade celular dos rins, chega-se a maior expulsão de água, descrita já pelos antigos médicos e conseguida sem provocar nenhuma irritação. Como, porém, não conseguimos esclarecer o mecanismo do efeito dos aspargos sobre os rins por meio dos elementos componentes que até agora conhecemos, temos de nos conformar com o fato real de que os espargos exercem um efeito excitante nas funções renais e que podem ser consumidos até mesmo durante enfermidades inflamatórias dos rins. Consegue-se um efeito indireto também com os aspargos como remédio de uso interno nos eczemas crônicos, já que todos os remédios vegetais de uso interno para o tratamento de eczemas atuam mediante o incremento da atividade renal e uma excitação das funções glandulares.


Couves






A couve (Brassica) pertence à numerosíssima família das Crucíferas (umas 1.900 espécies), que compreende quase sem exceção todas as verduras. Contém numerosos óleos consistentes e enxofrados que estimulam o apetite e reforçam as secreções das glândulas, especialmente no tubo gastrintestinal. As formas de cultivo mais comuns são a couve portuguesa, a couve galega, a couve lombarda, a couve crespa ou de Sabóia, a couve de Bruxelas, a couve-rábano, a couve-flor, o repolho, os brócolos, os nabos e as nabiças. Composição e Propriedades -- Até hoje, infelizmente, os químicos não nos podem dizer muita coisa a este respeito. Conhece-se, porém, o conteúdo das diferentes variedades de couves quanto às principais substâncias alimentares, conforme se vê no quadro que se segue. O conteúdo mineral corresponde completamente ao das outras espécies de verdura. Além disso, todas as variedades de couve, assim como todos os legumes, possuem elevado conteúdo de bases. Todas as variedades de couve mostram, de resto, um pequeno conteúdo de caroteno, primeiro escalão da vitamina A, assim como de vitaminas B i, B2, C e K. Os elementos que entram na sua composição são muito escassos em calorias, mas, segundo a experiência mostra, satisfazem muito bem a sensação de apetite. Esta característica pode aproveitar-se no regime para obesos, preparando pratos pobres em calorias, istoé,sem gordura nem fécula. As variedades de couves com paredes celulares delgadas, como a couve-flor, a couve-nabiça, podem, por outro lado, preparar-se com a ajuda de nata, ovos e gordura para a alimentação de enfermos desnutridos ou de alimentação difícil. Também, como nas demais verduras de folhas, as variedades de couves constituem um alimento sumamente apropriado para os diabéticos, porque suportam muitíssimo bem o seu conteúdo em hidrocarbonatos, talvez por facilitarem o aproveitamento das matérias auxiliares, que atuam de forma análoga à insulina. Para o homem são, a couve tem sido desde a Idade Antiga um alimento sempre importante e variado, como hoje. Nunca se insistirá demasiado em que os legumes, as verduras, os cereais, as frutas e os produtos lácteos, numa preparação simples e natural, oram sempre a base (la alimentação sã, continuando ainda agora a sê-lo. Com respeito à composição química da couve e das suas variedades, indica-se com frequencia que são pobres em proteínas e matérias nutritivas, que cheiram mal, que são de difícil digestão e de pouco proveito, que têm poucas calorias, que carregam os intestinos, que produzem flatulências, etc. Estas propriedades negativas, freqüentemente atribuídas às hortaliças, e em especial à couve e suas variedades, só se justificam quando as verduras se desnaturalizam e se desvalorizam totalmente na cozinha «seleta», cozendo-as, suavizando-as com bicarbonato de sódio, branqueando-as, salgando-as e recobrindo-as de farinha ou de extratos de carne ou de gorduras salgadas. Na forma mais simples, consumidas em parte como alimento cru, em parte impregnadas com pouca gordura, as nossas variedades de couve tomadas em quantidades moderadas constituem um importante alimento preventivo para jovens e velhos. Emprego do Suco de Couve nas úlceras do Estômago -- O suco de couve pode ostentar já um significado médico. O médico americano Dr. Carnett Cheney (Universidade de Stanford) tem publicado, desde 1940, uma série de trabalhos científicos sobre o tratamento das úlceras do estômago e do duodeno com suco de couve. Obtinha o suco centrifugando couve crua e fazia os doentes tomarem quatro ou cinco vezes diariamente, de 200 a 250 cm3 de suco cru. Informou que mediante este tratamento ao cabo de cinco dias, no máximo, conseguia fazer cessar as dores, curando-se as úlceras, nuns catorze dias. O Dr. Cheney vê a causa deste efeito principalmente na presença de algum elemento ainda desconhecido e a que chama vitamina U. Esta substância, de existência ainda insegura, está contida na gordura da couve, encontrando-se também provavelmente na salsa, na alface, no aipo, nos ovos e no leite cru. A couve refogada ou murcha perde esta vitamina. Os médicos suíçosStrehler eHunziker praticaram o tratamento de úlceras com suco de couve. Fizeram os doentes tomarem, além de um litro diário do dito suco, com uma ligeira alimentação básica, um litro de purê de banana com um pouco de nata e ovos. Com este regime não conseguiram acelerar o processo de cura por efeito da vitamina U (fator antiulceroso) nos doentes de gastrite e úlcera do estômago. Nos enfermos de úlcera do duodeno e de colite ulcerosa puderam, em contrapartida, comprovar uma redução do tempo de cura. Esta, nos doentes de úlcera do duodeno, precisou, em média, de três semanas e, num dos casos, apenas de sete dias. Os êxitos dos mencionados médicos na inflamação do duodeno, sempre de difícil cura, resultaram sobremaneira decisivos e deverão servir de base para posteriores investigações. Outras Indicações Terapêuticas -- Na alimentação dos doentes, como se disse atrás, cumpre ter em conta as características dietéticas das diversas variedades da couve. Assim, aos doentes do estômago e do intestino devem dar-se naturalmente só as espécies mais finas, tais como couve-nabiça e couve-flor, ao passo que aos doentes de atonia intestinal ou com prisão de ventre crônica se devem dar as espécies mais fortes, excitantes das paredes intestinais, como couve galega e couve de Bruxelas, com as quais se sentirão aliviados, desde que não se apresente uma excepcional proliferação bacteriana intestinal; neste caso, seria mais oportuno um produto ácido do repolho, cru ou cozido ou em suco, e chegaríamos assim a um derivado da couve que não só é são como também possui um evidente valor médico, a couve fermentada(Chucrute). Não só na Alemanha, como também em muitos outros países se aprecia muito como alimento o repolho fermentado ou chucrute. Mas não se passou por alto o seu valor medicinal. De acordo com os nossos atuais conhecimentos, a couve fermentada consegue atuar como meio de cura e de correção de uma série de doenças. A prevenção das avitaminoses assim como a sua cura é devida ao elevado conteúdo deste alimento em minerais e vitaminas, e especialmente a C . Evacua os sucos e gases pútridos, atua como remédio na úlcera do estômago, reforça os nervos e colabora em grau considerável para a formação de sangue; deste modo, muitas pessoas que comem o chucrute vêem transformar-se a palidez do rosto num belo colorido que é sinal de saúde. O princípio curativo da couve fermentada é devido provavelmente ao elevado conteúdo em ácido láctico natural, de cujo favorável efeito em doenças muito difundidas, como arteriosclerose, reumatismo, gota e males hepáticos, muito haveria que dizer. E temos de citar ainda outra coisa. A couve fermentada já demonstrou o seu valor como alimento para diabéticos; consumida em grande quantidade tem influído muitas vezes favoravelmente no quadro clínico. 0 suco de couve crua é especialmente eficaz como remédio contra as lombrigas, nomeadamente nas parasitoses intestinais infantis. Não só é barato como também, e ao contrário dos específicos vermífugos freqüentemente tóxicos, é absolutamente inofensivo. Se se deseja conservar o valor medicinal da couve fermentada, devido ao seu conteúdo em vitaminas, minerais, ácido láctico e colina, o consumo deverá ser a cru. Podemos prepará-la de diferentes modos. Corta-se ou pica-se, depois de espremido o suco, para que este não encharque a tábua de picar e se perca. Uma vez fragmentadas as folhas, volta-se a acrescentar-lhes o suco. Mistura-se depois cebola e finalmente alho e azeite. Se não se tinha já deitado temperos, juntam-se agora. Douram-se em azeite cebolas finalmente cortadas e deitam-se sobre a couve. Querendo comer morna, levar ao forno, mas não deve chegar a aquecer. Também se acrescentam maçãs raladas e mistura-se tudo isto com alguma nata batida. Finalmente, também se pode preparar a couve fermentada com beterraba, um pouco de cenoura, nata ou azeite.







Espinafres




0 espinafre (Spinacia oleracea) é tinia Quenopodiácea, que provavelmente procede do
Oriente. Composição e Propriedades -- Como em todas as hortaliças de folhas, o espinafre não possui tini conteúdo extraordinário de substâncias nutritivas. Em 100 g de espinafre figuram 93 g de água, 2,3 g de proteínas, 0,3 g de gordura, e 1,8 g de hidrocarbonatos, e apenas umas 20 calorias. É, porém, importante o seu rico conteúdo de vitaminas, valiosos minerais em forma de sais, clorofila, oligoelementos e fermentos. Do que vamos apresentar em seguida pode deduzir-se facilmente o seu enorme valor fisiológico e nutritivo. Os elementos ativos do espinafre são tão numerosos que, como se costuma dizer, substituem meia farmácia. Esta comparação não é exagerada. Esta saborosa hortaliça de folha é rica em cálcio, fósforo e enxofre. Só com estes três fatores ocupariajá um lugar destacado no regime nutritivo. Mas o mais importante é outra coisa: o espinafre oferece uma composição ideal de toda a melhor farmacopéia que é necessária e eficaz para a formação do sangue, isto e: arsênico (0,009 mg em 100 g), cobre, lodo, ferro (10 mg em 100 g), vitamina C e clorofila, que é quimicamente muito parecida com a hemoglobina humana. Que laboratório pode oferecer uma maior composição? Os nossos preparados de ferro não conseguem melhores resultados que o suco cru de espinafre, tal como o de urtigas, que é de riqueza potencial equivalente. O suco de espinafres já demonstrou a sua eficácia no tratamento de meninas anêmicas, durante os anos de desenvolvimento, para acelerar a reposição de sangue, depois das operações, assim como para hemorragias internas ou declaradas ocultas, cujo tratamento cirúrgico eventual não se deve abandonar. Mas, se isto não fosse suficiente para nos convencer do valor excepcional do espinafre, podemos acrescentar que o espinafre ocupa o primeiro lugar, corri grande vantagem, entre as hortaliças, pelo seu conteúdo em proteínas, vitaminas e elementos minerais. Como, além disso, os elementos básicos excedemos ácidos, assim a urina, com uma alimentação abundante em espinafres rende, sempre que não se consumam muitos alimentos de grande produção de ácidos, tais como carne, ovos, avelãs, nozes e semelhantes ou cereais, a uma reação alcalina, que é a que se procura nas doenças para a desintoxicação, evacuação e expulsão de sal. Contém vitamina A em quantidade notável, isto é, a vitamina para a proteção da pele e das mucosas, que nem sequer se perde por cocção, evaporação ou conserva. Também não se deve menosprezar o excelente conteúdo de vitaminas B e C. Estas características tornam evidente que o espinafre o seu suco desempenham um papel importante nas doenças gástricas da amamentação primeira infância. Naturalmente, pode dizer-se o mesmo a respeito da alimentação dos doentes. Este louvor dos espinafres tem, além disso, uma estrofe que não deve ser esquecida. Já foi cantada pelos árabes que sabiam que o espinafre é «bom para o fígado, remédio para a icterícia e laxante para a digestão». Esta antiqüíssima experiência e comprovação explica-se hoje com a descoberta da presença dasecretina no espinafre, que combinada com a saponina (elemento de características semelhantes às do sabão) exerce um efeito de aceleração e aumento (la secreção no fígado, na vesícula biliar, no pâncreas, estômago e intestinos. Usos Terapêuticos -- O efeito curativo do espinafre ou do seu suco, segundo uma velha experiência e uma moderna investigação científica nos casos deanemia (sobretudo nas chamadas hipocrônicas), eczemas cutâneos crônicos prisão de ventre, insuficiência funcional das glândulas digestivas (fígado, pâncreas), escrófulas e avitaminoses, é devido a causas que presentemente são bem conhecidas. Emprego Como Alimento -- Como o espinafre não só possui energia curativa, mas também preventiva, temos de lhe dar o lugar que merece na nossa cozinha e consumi-lo como legume fresco na medida do possível, aproveitando sempre a água em que for cozido, para não perder nada do seu valor.











Ruibarbo





Por ruibarbo (Rheum Officinale) entende-se geralmente a raiz seca e pelada de algumas
variedades do gênero «Rheum» oriundo da China e do Tibete. Além do ruibarbo comum, também se cultivam entre nós outras espécies deRheum, todas elas exóticas e com as mesmas aplicações, como o Rheum Palmatum, ruibarbo palmeado ou ruibarbo da Rússia. Da forte cepa nasce e cresce rapidamente um renovo que chega a dois metros da altura, com as conhecidas folhas largas em forma de coração, os talos ocos e as coroas de flores em forma de cachos. O emprego do ruibarbo para uma depuração é a formula mais cômoda e simples para a população urbana, sumamente dependente do seu trabalho profissional. Até mesmo entre os habitantes das cidades mais afastadas na Natureza o ruibarbo ainda hoje continua a ser, um meio apropriado para tal efeito, como já o foi desde as mais remotas eras no seu lugar de origem, a China e o Tibete. O atual ruibarbo comestível é uma mistura de diferentes variedades. O seu fácil cultivo e as suas numerosas aplicações têm contribuído para a difusão da sua cultura. Composição e Propriedades -- Sabemos hoje que o efeito excitante do ruibarbo sobre o sistema hepático-biliar e as glândulas das vias intestinais não e causado apenas por um composto químico perfeitamente conhecido, a «antraquinona», à qual corresponde um efeito especial no' intestino grosso, mas também por substâncias denominadas glicósidos, isto é, elementos semelhantes aos açúcares que, por uma prolongada armazenagem, ou também por causa dos fermentos atuando a quente, se desdobram em antraquinona e em açúcar. O efeito das outras partes componentes, como substâncias tanínicas, pectina, glicose, frutose, amido, fitosterina, fermentos e, sobretudo, ácidos málico, cítrico e oxálico, produz-se em presença dos citados elementos. Os doentes com cálculos renais ou propensos a isso, devem mostrar-se muito prudentes no consumo de alimentos na base de ruibarbo. Em todos os outros casos, são bastante estimulantes a compota, em alimentos panificados e doces, os pudins e o doce de ruibarbo, supondo para os doentes uma mudança bastante agradável. Partidos aos pedaços e conservados em frascos ou vidro esterelizados e cobertos de água, os ruibarbos conservam-se frescos por muito tempo. Emprego e Contra-Indicações -- Durante a guerra tornou-se crítico por algum tempo o aproveitamento do ruibarbo. Sentimo-nos na obrigação de desaconselhar o emprego do ruibarbo como legume, sobretudo dispondo na mesma época de outros legumes e verduras silvestres não prejudiciais e abundantes, por causa do seu elevado teor de ácido oxálico. Outra coisa multo diferente é o aproveitamento dos pecíolos das folhas para compota, que goza atualmente, como sempre, de grande popularidade, e que praticamente nunca produziu efeitos prejudiciais, não obstante a presença daqueles ácidos. Note-se, em vez disso, o suave efeito laxante do ruibarbo cru ou cozido como excitante suave e depurador. Temos, portanto, de contá-lo entre os alimentos de natureza nutritiva e curativa.

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